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quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

VOCÊ NÃO SABE*

você não sabe
nada de mim
não sabe
da minha vida
dos meus dias
das minhas dores
dos calos dos meus dedos
da minha solidão
você não sabe
do meu amor
não sabe
o gosto do amargo
da minha boca
você não sabe
nada de mim
apenas supõe
apenas deduz
pela própria vida
pela vida que leva
você não sabe
quais são de verdade
as minhas verdades
e nem entende
as mentiras
que não conto
você não sabe nada
nada de mim
e nada de você
nada da vida que levo
não sabe dos desamores
das minhas constantes
dores de cabeça
que falo das amarguras
com as paredes
você não sabe
que rio
sozinho
você não sabe nada
da vida que levo
da vida que sonho levar
você não sabe

MALDITAS ABENÇOADAS*

ah
palavras
malditas
e abençoadas
ah
palavras
que tem o poder
doce
de fazer voar
e palavras
pesadas
que têm o peso
de enterrar
almas
que tentam
voar
ah
palavras
tão doces
e tão amargas
tão leves
tão limpas e tão sujas
ah palavras
malditas
e abençoadas
palavras que ensinam
palavras
que maltratam
que unem
e afastam
ah palavras
se não fosse a morte
se não houvesse o silêncio
palavras
benditas
amaldiçoadas
ah
silêncio
que tanto amo

AMOR DE VITRINE*

há amor
que não foi
feito para amar
amor
apenas
para contemplar
como o sol
que nasce
no horizonte
mais distante
como a lua
tímida
refletida
nos raios do sol maior
há amor
apenas
de história
amor que não existe
amor
de sonhos
amor que se sonha
amor para contemplar
como as ondas que arrebentam
nas pedras
há amor
feito para olhar
para admirar
amor para escrever
amor para os poetas
para os loucos
e os românticos
há amor
que não é amor
de verdade
é miragem
ilusão

NÃO POSSO*

não posso
abraçar o mundo
nem posso mais
vestir-me de sonhos
fantasiar-me
e sair por aí
as pessoas não entenderiam
não posso
fingir
que não dói
em mim
nenhuma dor
há dor demais
em meu peito
e não há ninguém
que escute os meus lamentos
nem o vento
nem as sombras
dessa noite maldita
não posso mais
esconder-me
sempre me acham
sempre me chamam
sempre me machucam
logo eu
que me disfarço
de flores
logo eu que bebo
cada gota do silêncio
não posso mais
falar o que sinto
se falo
logo em mim
as lágrimas rolam
não posso mais
sonhar
a realidade é cruel demais

NÃO ESPERO MAIS*

não espero mais
que me sigam
nem que gostem de mim
não espero aplausos
nem que percam
tempo
ouvindo o que não tenho
para dizer
não digo
escrevo
deixo meu coração
em luto
e luto contra mim
quando o desespero
me bate
quando as palavras
chegam a salivar
em minha boca
e me calo
não espero mais
que leiam
os versos
que escrevo
não sou poeta
nunca fui
meus versos não têm rima
meus versos
não dizem nada
eu não falo nada
não espero mais
sigo em paz
até o fim dos meus dias
escrevo
meu silêncio
nos pedaços de papéis
manchados de sangue
de lágrimas

NINGUÉM MAIS*

ninguém mais
gosta de poesia
ninguém escreve
mais poemas
em guardanapos
como eu escrevia
ninguém tem tempo
mais
para cenas românticas
nem as mulheres
são as mesmas
deixaram-se
envolver
pela falta de amor
dos homens
pobres poetas
tentando respirar
o último sopro do amor
pobre amor
que tenta
sobreviver nos versos
que ninguém mais lê
todo romantismo
está nas novelas
nos filmes
nos artistas escondidos
todo amor
que ainda há
está nos livros
que ninguém mais lê
não se tem tempo
para a poesia
não se tem tempo
para o amor
ninguém mais
se importa

O QUE IMPORTA*

o que importa
é para onde vou
vou deixar
tudo para trás
fechar as portas
e partir
para onde é meu lugar
de onde
nunca deveria
ter saído
o que importa
não foi o tempo
que passei
aqui
o que importa
é perceber
que aqui
não é o meu lugar
não falo a mesma língua
não sinto o mesmo amor
o que importa
é que estou voltando
diferente
de quando parti
deixei
de ser quem eu era
para ser quem eu sou
o que importa
é poder voltar
para onde nasci
peito aberto
mochila nas costas
minhas verdades
em cada bolso
e a velha
coragem
para começar tudo
de novo

LIBERTO-ME*

escrevendo
liberto-me
de todo mal
escrevendo
viajo
para onde nunca fui
para mim
não há culpa
nem culpado
escrevendo
crio asas
vôo
nos pedaços
brancos de papel
dou vida
a tudo o que sinto
escrevendo
vou além
de mim
não há ódio
apenas amor
às vezes algumas mágoas
queimadas
e levadas pelo vento
escrevendo
liberto-me
confesso minhas vaidades
meus crimes
meus pecados
desnudo-me
entrego-me
viro alvo
para mim a tinta
e um pedaço de papel

DIFERENTE*

é preciso
ser forte
para ser diferente
para mudar
os hábitos
os gestos
pensamentos
é preciso
ter coragem
para aceitar
os próprios defeitos
é preciso
saber
quando fechar
a boca
é preciso
respeitar
tudo é diferente
todos são diferentes
cada um ama
do seu jeito
cada um vive do seu jeito
cada um se defende
como pode
é preciso
saber
a hora de parar
se for perdoar
perdoe de verdade
não brinque com as palavras
nem com os sentimentos
se não pode dizer o bem
não fale mal
é preciso aprender
a ser forte
é preciso desenvergar
o que é torto
é preciso coragem
para ser diferente

DE VERDADE*

na verdade
ninguém ama ninguém
faz tempo
que o amor não é o mesmo
há ódio
no olhar
pessoas que nem se conhecem
se odeiam
se empurram
se ofendem
sem dizer uma só palavra
na verdade
não existe mais
compaixão
não existe mais
perdão
apenas raiva
ódio no coração
o amor
é sentimento
em desuso
casais brigando
filhos fugindo
pais ausentes
de verdade
o romantismo
bebida dos poetas
deixou de existir
homens dominando mulheres
e mulheres
se afastando
das suas verdades
e o mundo chorando
mansinho
e ninguém nota
e ninguém percebe
na verdade
andam cegos
ignorantes
frígidos
e o amor
pobre coitado
largado
abandonado