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quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

SIMPLES E ORDINÁRIO

amo
ficar à toa
de pernas
jogadas
para o ar
olhando
o sol
nascer
e depois
ver o sol
se escondendo
tudo
o que é simples
tudo o que parece
ordinário
e sem graça
é tudo
o que me fascina
eu adoro
ver a tarde morrer
nos braços
da noite
e o dia
soluçar
de saudades do sol
amo
ficar sentado
na calçada
vendo os vizinhos
curiosos
querendo também
um pouco
da minha felicidade
eles não sabem
que a beleza dos meus olhos
está
na simplicidade
do que parece ordinário
e sem graça
o simples
por do sol

CONFIANÇA

olhos perdidos
fechados
como os punhos
agora
e sempre
cerrados
não se olham
se olham
não se vêem
não há mais
nada demais
nem a confiança
nem o desejo
nem a esperança
olhos perdidos
no horizonte
vazio
olhos que não vêem nada
dormem
sem sono
cansados do nada
dos sonhos
sempre melancolicos
punhos
sempre cerrados
e o medo
de sorrir
e deixar o sorriso perdido
caido
no vazio de sempre
confiança
apenas no que se sente
no que se vê
e não se vê nada
olhos fechados

VENTRE MATERNO

quero
voltar
para o ventre
de minha mãe
quero ficar
como parasita
protegido
das imundices
que hoje
vejo
e que grudam
nos meus pés
quero voltar
esquecer
que faço
parte de tudo isso
quero
voltar para o ventre
de minha mãe
ficar ali
sem saber de nada
sem ter pressa
sem ter hora
sem ter tempo
quero
voltar
ficar recluso
sem pensar
sem sentir
sem ver
essa podridão
essa mentira
sem saber
que faço parte
de tudo isso
quero o ventre materno
o ventre de mulher
que agora
não me protege
nem de mim
nem de ninguém

RAIO

não raio
não chovo
não molho
não seco
não ardo
não morro
não amo
não me amam
não mordo
respiro
vivo
não lato
não mio
não vento
não briso
não sou manhã
nem tarde
noite
quem sabe
não vejo
não me vêem
não escuto
não me escutam também
sou eu
sem nada
sem roupa
sapatos
sem orelhas
nem ouvidos
nem olhos
nem nariz
não raio
não seco
não murcho
não morro

AFIRMAÇÃO DA VIDA

ando
procurando
o azul
escondido do céu
ando
por aí
procurando
aquele perfume
que
sempre me fez voar
para fora
do meu eu
ando
procurando
algo
que faça valer
à penas
a vida
afirmação da vida
da minha
ainda fechada
em meus cásulo
de emoções
ando
por ai
querendo
encontrar
as partes de mim
que se soltaram
e o voaram
com um vento qualquer
quero de
a confirmação
da vida
afirmação da vida
para que saiba
que ainda vale à pena
viver
mais um dia
sem o azul do céu