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sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

NÃO PARA DE CHOVER

não para
de chover
mesmo assim
olho para o céu
e vejo o sol
o sol
me aquece
como sempre
aqueceu
o sol
está em mim
radiante
como sempre
não para de chover
e em mim
sempre
a beleza e a grandeza
do sol
do sol de sempre
do sol
de todos os dias
mesmo
que a chuva
não cesse
mesmo que nunca
mais pare de chover
sempre
haverá sol
em meu mundo de poesias
haverá sempre
a beleza
mesmo que a beleza
se esconda
sempre
o mesmo sol
de sempre

SIMPLES

simples
quando o amor
acontece
deixe
o amor agir
sem medo
deixe que ele
guie os passos
ele jamais
fará nada errado
simples
basta não ter medo
e se entregar
basta
deixar
o coração bater
do jeito que sempre quis
simples
basta mergulhar
de cabeça
e acreditar
que o amor nunca quer o mal
sempre
que o bem
simples
basta estar atendo
e deixar
o amor conduzir
a vida
sem perder as rédeas
desse amor
o amor nunca fez
e nunca fará mal
se fizer
acredite
é tudo
menos amor

JAMAIS

jamais
vou dizer
que tudo foi
mentira
jamais vou dizer
que não era amor
o que sentia
eu sei
é amor
jamais
vou escrever
o que nunca foi
quem sabe
um dia
eu conte para o mundo
tudo o que passou
quem sabe
um dia
eu escreva todo esse amor
em forma de canção
em forma de poesia
jamais
irei
dizer em algum
momento da minha vida
que não era amor
é amor
demais
amor que transgride
as leis
amor que não vê regras
amor
que apenas existe
porque o amor é assim
nasce
sem pedir
fica sem querer

O QUE VEJO EM SEUS OLHOS

o que vejo
em seus olhos
é uma mulher
cheia de sonhos
cheia de vida
uma mulher que
às vezes me parece menina
brincando
sozinha
com as bonecas de trapo
o que vejo
em seus olhos
e a mais pura essência
de um amor
que está além de tudo
um amor
que alimenta
e deixa mais leve
a vida
o que vejo em seus olhos
algumas lágrimas
caindo
talvez pela simples emoção
de estar
talvez pela simples
razão de amar
e fazer o amor transbordar
o que vejo
em seus olhos
é o brilho
de quem aprendeu
com a vida
de quem aprendeu
com o amor
uma menina
disfarçada de mulher

FÁCIL AMAR VOCÊ

fácil amar você
difícil
e entender
o seu jeito de amar
seu jeito de querer
o que não se poder ter
por inteiro
fácil amar você
e se deixar
levar
pela emoção
ruim
quando a razão chama
quando a realidade
vem ainda
mais rancorosa
difícil
é ter que voltar
e deixar
todo amor
trancado a nossa volta
calados
sem dizer nada
fácil amar você
quando não desconfia
do ar
da sombra que lhe segue
o amor
tem dessas coisas
que nem o amor explica
o amor domina
toda a razão
e deixa apenas
o sonho
o desejo alimentar
o coração
aprendi
amar você

APRENDI A TE AMAR

aprendi
a te amar
te amar assim
como és
doce
e intempestiva
suave
e vendaval
cheia de risos
e de lágrimas
cheia
de certezas
e inseguranças
aprendi
a te amar
sem olhar mais
as nossas diferenças
sem ligar mais
para o que passou
aprendi
a te olhar
do meu jeito
e a entender também
o teu jeito de amar
não culpa
e nem culpados
não inocentes
aprendi
a te amar
agora mais calado
e mais certo de mim
em rodeios
sem rodamoinhos
aprendi
a te amar
para que possa te amar
sem medo
porque vejo em ti
partes vivas
do meu eu
doce
intempestivo

DIFERENTES MANEIRAS DE AMAR


o amor eterno
o amor de mãe
amor que nunca passa
que não olha para nada
amor que se entrega
de corpo e alma
.

o amor dos amantes
amor quente
ardente
amor que não não nada
amor que cega
que domina
que escraviza
.
há o amor
dos namorados
amor cheio de promessas
e desejos
de pecado
amor livre
desembaraçado
.
há ainda
o amor
de quem nunca amou
e fica sonhando
rabiscando versos
na areia que as ondas
hão de levar
.
tantas formas
de amar
para um mesmo amor
amor de posse
amor sem dose
amor eterno
amor que finda
amor que passa
amor que dói
amor

IMATUROS

eu sei
é difícil amar
e praticar
o desapego
quando se ama
se quer mais
sempre mais
eu sei
somos imaturos
ainda não sabemos amar
ainda somos
crianças
dependentes
de nós mesmos
e ainda mais
dos outros
queremos demais
o amor
queremos estar
sempre perto
olhar sempre
nos olhos
sentir sempre o calor
dos braços
não nos contentamos
com o ar
com o sentir
doce da existência
precisamos ter
o domínio
a posse
queremos sentir sempre
o coração
do outro batendo em nós
eu sei
é difícil amar
e praticar a desapego

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

OBRIGAÇÕES

não sou mais
menino
não posso mais
brincar
com a vida
com os amigos
que não tenho
tenho agora
obrigações comigo
a vida
me cobra
como eu cobro a vida
não sou mais
menino
aquele que chorava
e se escondia
na barra da saia da mãe
minha mãe nem se lembra
mais de mim
eu às vezes me lembro
da minha mãe
não sou mais
aquele menino que brincava
nos canos vazios
tenho agora
obrigações
que fingi até ontem não ter
não sou mais
o menino
que eu era
nem as sardas eu tenho mais

MORREU

algo morreu
dentro de mim
não me sinto mais
o mesmo
ainda há angustia
ainda não estou
no melhor de mim
ainda ando preocupado
ainda ando cansado
algo morreu
não sei
se apenas o tempo passado
ou algo mais
aqui dentro de mim
ainda
sangra
as velhas feridas
algo morreu
talvez a minha capacidade
de sonhar
e fantasiar
talvez minha fé
ou minha maneira
de ver o mundo
como o mundo não era
parece que ficou algo para trás
parece que ficou algo
dentro de mim
sem vida
no vazio mais escondido de minha alma

VELHAS CARTAS

as velhas cartas
ainda
estão guardadas
no velho sotão
do meu coração
cheio de tantas coisas
as velhas cartas
ainda tem
o seu valor
nunca as palavras
escritas
morrem
as velhas cartas
ainda me fazem chorar
com as lembranças
com a saudade
com tudo o que perdi
com a vida
e com os caminhos
as velhas cartas
aos poucos
como eu
vão envelhecendo
com o tempo
e as palavras
escritas
diferente
de mim
não morrem esquecidas

SEMPRE

sempre foi assim
sempre
abri
os caminhos
sempre descobri
fendas
nunca tive medo
não tenho medo
de enfrentar
meus medos
sempre foi assim
sempre
fui atrás
da menina mais bonita
sempre
quis ser o melhor
mesmo não sendo
para mim eu era
sempre foi assim
sempre fiz
o que achava que era certo
nunca fui de escutar
conselhos
sempre derrubei
as árvores do meu caminhos
com as minhas mãos
nunca usei machados
nunca desisti
sempre houveram pedras
e sempre houve em mim
destino certo
sempre foi assim

BRINQUEDO

não sou
e nunca fui
brinquedo
nem de pilhas
nem de cordas
tenho vida
penso
sei agir
falar
e pensar
não sigo rumos
às vezes ignoro
leis que não deveria
ignorar
nunca fui fantoche
nunca me escondi
atrás
de armários
e portas
sempre fui de verdade
sempre tive sangue quente
olhos abertos
e mãos quase sempre
suadas
nunca fui
brinquedo
comportado
sempre fui rebelde
sempre fui
o que nunca quiseram
que eu fosse

RUAS

as ruas
continuam
as mesmas
há casa
ainda
do meu tempo
a mesma nostalgia
as velhas lembranças
das ruas
por onde andei
sozinho
e com amigos
as praças
estão como sempre
abandonadas
as crianças
não andam mais
de bicicletas
eu andava
por todas as ruas
ia pra lá
e pra cá
ia sempre
não parava nunca
e mudei
sai pra longe
pra depois voltar
e encontrar as mesmas ruas
as mesmas histórias
que deixei
guardadas
dentro de mim

FINGIR

ninguém
de verdade
me conhece
nem eu
de verdade
conheço ninguém
não me ilude
nem quero me enganar
ninguém sabe
o que penso
e o que sinto
nem eu
sei
o que pensam
e o que sentem
sei apenas
que julgam
conforme suas convicções
como eu julgo
também
por minhas próprias
convicções
e pelo que vejo
e pelo que vêem
ninguém sabe
nada de ninguém
eu sei
apenas de mim
e isso me basta

AINDA

ainda
que sopre
outro vento
seremos
os mesmos
o que sempre fomos
somos
a pura essência
que não muda
que não se altera
ainda
que passem
os anos
ainda
que coisas novas
apareçam
ainda
que as coisas velhas
permaneçam
seremos os mesmos
somos
feitos da essência
de nós
se mudarmos
não seremos
mais nós mesmos
seremos
apenas
o que não somos
e nunca seremos
ainda
que sopre sempre
um novo vento

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

PENSEI

pensei
que ficaria
sempre
no mesmo lugar
pensei
que sopraria
sempre
o mesmo vento
pensei
sempre nas mesmas coisas
de sempre
pensei
que tudo
seria
como sempre foi
desde que parei
desde que me tranquei
e fiquei com medo
de sorrir
de viver
pensei
que não veria
mais
a luz
de um novo sol
o sol
é sempre o mesmo
mas o lugar
onde ele nasce
sempre
pode surpreender
pensei
que ia morrer assim
fechado em mim

O MESMO AMOR DE SEMPRE

por você
tenho
o mesmo amor
de sempre
e faria
tudo de novo
e renovaria
sempre
os votos
de eternidade
e apertaria
sempre nossos laços
por você
o mesmo amor
de sempre
o mesmo carinho
o mesmo
jeito de ver você
o mesmo amor
o mesmo jeito de amar
e de querer
você por perto
o mesmo
desejo de ter você
sempre por perto
porque não há vida
em mim
sem você
o mesmo amor de sempre
e sempre
por você
que é de todas as razões
que tenho
a única

POSSO VOAR

posso voar
eu tinha asas
não sabia
voar
nem sabia
que podia
nunca tentei
tirar meus pés
do chão
tinha medo
medo de saber
que eu podia voar
mesmo
com asas
nunca voei
posso voar
não deixarei minhas
asas
mais fechadas
não serão mais
as minhas asas enfeites
não deixarei
mais
minhas asas atrofiadas
posso voar
e voarei
para o lugar mais alto
para bem alto
para ver o mundo
meu mundo
de cima
eu posso voar
e voarei

POEIRA

a poeira
da estrada
não me deixava ver
o caminho
por onde eu andava
andei
por caminho
errados
e voltei
do começo
de onde
comecei a andar
a poeira
por muitas vezes
cegou
meu olhos
fui
sem saber
por onde ia
sempre mentindo
para mim
para fazer minha vida
um pouco melhor
a poeira
abaixou
vejo agora por onde andei
quão errado
eu estava...

HOJE

hoje
sinto o vento
que não sentia
hoje
tenho
ainda mais
amor
do que eu tinha
hoje
exercito
o livre direito
de poder sorrir
e sei de verdade
quem gosta de mim
hoje
posso sair
de noite
sem medo
posso ver as estrelas
do céu negro
ver os carros
que passam por mim
hoje
sei que meu ontem
valeu à pena
sei que aprendi
hoje
quero esse bem estar
e pessoas que gostam de mim
e me querem bem
hoje
sinto a vida
fervendo
no vento quente
de várias noites
de verão

MUDEI

eu mudei de mim
mudei de casa
mudei
a forma e o jeito
de pensar
o jeito de andar
o jeito de ser
mudei
agora estou de novo
em sintonia
com o que acontece
eu mudei
de dentro para fora
mesmo que ainda
perceba
que algumas pessoas
não mudaram
eu mudei
mudei meu modo de ver
a vida
mudei
hoje estou mais leve
hoje sorrio
e faço sorrir
tenho de novo
crianças perto de mim
eu mudei
mudei
de mim
mudei de casa
de cara
de vida
mudei meu jeito de pensar
eu mudei
eu sei
para melhor

MAIS NADA

mais nada
eu não espero mais nada
sei que tenho
que correr atrás
de tudo
aquilo
que quero
e acredito
mais nada
não espero mais nada
sei que algumas
coisas
de verdade
não saem do lugar
eu sei
que sou eu
que deve correr
atrás
ficar parado não dá mais
mais nada
não espero mais
nada
do amanhã
não fico mais preso
ao passado
nem fico por aí
vendo os fantasmas
nada mais
me assusta
vou viver agora
tudo o que aprendi
nesse tempo todo
se não der
espero a próxima vida
sem esperar
parado

AGORA

agora
diante de tudo
ainda mais
deixo de verdade
a vida me levar
tentei
levar a vida
pelos meus caminhos
a vida
relutou
resistiu
pegou em minhas
mãos
agora ainda
cansadas
e me levou
pelos seus caminhos
agora
não cuido mais
da vida
deixo a vida
cuidar de mim
vou por onde ela
me levar
vou de mãos dadas
para não me perder
e querer voltar
agora
depois que tudo passou
sinto-me mais leve
renascido na minha própria velhice

DUVIDEI

duvidei
do poder
de Deus
achei
achava
que todos os dias
eram
e seriam
iguais
não conseguia mais
ver as antigas cores
nem pensava
que poderiam
existir
cores
em novos dias
que eu ainda não conhecia
eu duvidei
que no ano novo
nada de novo
aconteceria
falei com Deus do meu jeito
e Ele do seu jeito
me convenceu
que tudo muda
a todo instante
eu duvidei
de Deus
agora
não duvido mais

O MESMO

e eu
que pensei
que tudo seria
de novo
igual
ao que sempre foi
e eu
que cheguei
a desafiar
a Deus
reconheço
que o mundo
de verdade
da voltas
e o mesmo
rio pode sim
voltar
sempre pelo mesmo caminho
e as águas
passadas
movem sim
os velhos moinhos
eu
sou o mesmo
mas a vida
que me carrega
essa é
agora
hoje
no meu dia
completamente diferente

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

VOCÊ NÃO SABE*

você não sabe
nada de mim
não sabe
da minha vida
dos meus dias
das minhas dores
dos calos dos meus dedos
da minha solidão
você não sabe
do meu amor
não sabe
o gosto do amargo
da minha boca
você não sabe
nada de mim
apenas supõe
apenas deduz
pela própria vida
pela vida que leva
você não sabe
quais são de verdade
as minhas verdades
e nem entende
as mentiras
que não conto
você não sabe nada
nada de mim
e nada de você
nada da vida que levo
não sabe dos desamores
das minhas constantes
dores de cabeça
que falo das amarguras
com as paredes
você não sabe
que rio
sozinho
você não sabe nada
da vida que levo
da vida que sonho levar
você não sabe

MALDITAS ABENÇOADAS*

ah
palavras
malditas
e abençoadas
ah
palavras
que tem o poder
doce
de fazer voar
e palavras
pesadas
que têm o peso
de enterrar
almas
que tentam
voar
ah
palavras
tão doces
e tão amargas
tão leves
tão limpas e tão sujas
ah palavras
malditas
e abençoadas
palavras que ensinam
palavras
que maltratam
que unem
e afastam
ah palavras
se não fosse a morte
se não houvesse o silêncio
palavras
benditas
amaldiçoadas
ah
silêncio
que tanto amo

AMOR DE VITRINE*

há amor
que não foi
feito para amar
amor
apenas
para contemplar
como o sol
que nasce
no horizonte
mais distante
como a lua
tímida
refletida
nos raios do sol maior
há amor
apenas
de história
amor que não existe
amor
de sonhos
amor que se sonha
amor para contemplar
como as ondas que arrebentam
nas pedras
há amor
feito para olhar
para admirar
amor para escrever
amor para os poetas
para os loucos
e os românticos
há amor
que não é amor
de verdade
é miragem
ilusão

NÃO POSSO*

não posso
abraçar o mundo
nem posso mais
vestir-me de sonhos
fantasiar-me
e sair por aí
as pessoas não entenderiam
não posso
fingir
que não dói
em mim
nenhuma dor
há dor demais
em meu peito
e não há ninguém
que escute os meus lamentos
nem o vento
nem as sombras
dessa noite maldita
não posso mais
esconder-me
sempre me acham
sempre me chamam
sempre me machucam
logo eu
que me disfarço
de flores
logo eu que bebo
cada gota do silêncio
não posso mais
falar o que sinto
se falo
logo em mim
as lágrimas rolam
não posso mais
sonhar
a realidade é cruel demais

NÃO ESPERO MAIS*

não espero mais
que me sigam
nem que gostem de mim
não espero aplausos
nem que percam
tempo
ouvindo o que não tenho
para dizer
não digo
escrevo
deixo meu coração
em luto
e luto contra mim
quando o desespero
me bate
quando as palavras
chegam a salivar
em minha boca
e me calo
não espero mais
que leiam
os versos
que escrevo
não sou poeta
nunca fui
meus versos não têm rima
meus versos
não dizem nada
eu não falo nada
não espero mais
sigo em paz
até o fim dos meus dias
escrevo
meu silêncio
nos pedaços de papéis
manchados de sangue
de lágrimas

NINGUÉM MAIS*

ninguém mais
gosta de poesia
ninguém escreve
mais poemas
em guardanapos
como eu escrevia
ninguém tem tempo
mais
para cenas românticas
nem as mulheres
são as mesmas
deixaram-se
envolver
pela falta de amor
dos homens
pobres poetas
tentando respirar
o último sopro do amor
pobre amor
que tenta
sobreviver nos versos
que ninguém mais lê
todo romantismo
está nas novelas
nos filmes
nos artistas escondidos
todo amor
que ainda há
está nos livros
que ninguém mais lê
não se tem tempo
para a poesia
não se tem tempo
para o amor
ninguém mais
se importa

O QUE IMPORTA*

o que importa
é para onde vou
vou deixar
tudo para trás
fechar as portas
e partir
para onde é meu lugar
de onde
nunca deveria
ter saído
o que importa
não foi o tempo
que passei
aqui
o que importa
é perceber
que aqui
não é o meu lugar
não falo a mesma língua
não sinto o mesmo amor
o que importa
é que estou voltando
diferente
de quando parti
deixei
de ser quem eu era
para ser quem eu sou
o que importa
é poder voltar
para onde nasci
peito aberto
mochila nas costas
minhas verdades
em cada bolso
e a velha
coragem
para começar tudo
de novo

LIBERTO-ME*

escrevendo
liberto-me
de todo mal
escrevendo
viajo
para onde nunca fui
para mim
não há culpa
nem culpado
escrevendo
crio asas
vôo
nos pedaços
brancos de papel
dou vida
a tudo o que sinto
escrevendo
vou além
de mim
não há ódio
apenas amor
às vezes algumas mágoas
queimadas
e levadas pelo vento
escrevendo
liberto-me
confesso minhas vaidades
meus crimes
meus pecados
desnudo-me
entrego-me
viro alvo
para mim a tinta
e um pedaço de papel

DIFERENTE*

é preciso
ser forte
para ser diferente
para mudar
os hábitos
os gestos
pensamentos
é preciso
ter coragem
para aceitar
os próprios defeitos
é preciso
saber
quando fechar
a boca
é preciso
respeitar
tudo é diferente
todos são diferentes
cada um ama
do seu jeito
cada um vive do seu jeito
cada um se defende
como pode
é preciso
saber
a hora de parar
se for perdoar
perdoe de verdade
não brinque com as palavras
nem com os sentimentos
se não pode dizer o bem
não fale mal
é preciso aprender
a ser forte
é preciso desenvergar
o que é torto
é preciso coragem
para ser diferente

DE VERDADE*

na verdade
ninguém ama ninguém
faz tempo
que o amor não é o mesmo
há ódio
no olhar
pessoas que nem se conhecem
se odeiam
se empurram
se ofendem
sem dizer uma só palavra
na verdade
não existe mais
compaixão
não existe mais
perdão
apenas raiva
ódio no coração
o amor
é sentimento
em desuso
casais brigando
filhos fugindo
pais ausentes
de verdade
o romantismo
bebida dos poetas
deixou de existir
homens dominando mulheres
e mulheres
se afastando
das suas verdades
e o mundo chorando
mansinho
e ninguém nota
e ninguém percebe
na verdade
andam cegos
ignorantes
frígidos
e o amor
pobre coitado
largado
abandonado

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

TEMPO RUIM*

tempo ruim
passou
e ainda tenho você
do meu lado
firme
forte
segura
tempo ruim
destruiu
o meu bem
deixou-me mal
e você
ali
ainda cheia de sorrisos
ainda me acolhendo
em seus braços
você ainda
ali
sustentando-me
quando caio
tempo ruim
passou
e ainda tenho em mim
seu amor
ainda tenho
a sua presença
que sempre me faz
seguir em frente
haja o tempo
que houver
passe o tempo que passar
tenho você
e saberei que
depois do tempo ruim
sempre terei você

DESEQUILÍBRIO*

você
é o meu mal
o meu pior
o meu ponto maior
de desequilíbrio
você
é a falta de paz
o porto alagado
o barco
que afunda
em mansas águas
você
é o pesadelo
a angústia
o azedo
o mau humor
você
é a escuridão
o medo
o pavor
o pior de mim
o passado que nunca passa
as palavras
de todas as mais
amargas
você
é o doce amargo
meu ponto maior
de desequilíbrio
minha falta de paz
a minha razão morta
você é
apenas a sua verdade
a sua caridade
e o sorriso que jamais
me fez sorrir
o mal
disfarçado de anjo
minha desarmonia

POR QUE MENTEM*

por que mentem
por que inventam
mentiras
por que fingem acreditar
nas mentiras que contam
para se sentirem
melhores
para sentirem
que voam
sobre os que não voam
por que mentem
a verdade
é mais bonita
é mais jeitosa
a mentira ardilosa
deixa tudo aparentemente
mais belo
por que mentem
por que preferem
inventar sentimentos
que não existem
por que preferem
acreditar
nas mentiras
que contam
coração não é bobo
nem a alma tola
não sei
por que mentem
não entendo por que eu
também minto

VOU EMBORA*

vou embora
vou fugir sozinho
para o meio do mato
embrenhar-me
na natureza
vou andar pelado
nadar sem medo
nas cachoeiras
vou comer fruta
beber água
sentir o vento
escutar os pássaros
vou embora
dessa loucura
vou virar
bicho do mato
sem casa
pé no chão corpo nu
vou ser livre
vou me livrar de tudo
das roupas
da falta de tempo
vou fazer uma cabana
vou viver
de amor
sentir-me útil
para mim
vou fugir
vou embora
para o meio do mato
vou viver de solidão
vou aprender a viver sozinho
bicho do mato
vou embora
não aguento mais
não sei viver sem paz
não sei andar correndo
quero cheiro de terra
quero andar descalço
quero tomar chuva
sem que me chamem de louco
e se precisar
quero falar sozinho
vou embora
sumir
no meio do mato

ENVELHECENDO*

nada
não é mais
como um dia foi
estou envelhecendo
ficando
pior comigo
estou
ficando sem graça
sem sentir
a mesma alegria
nas mentiras
que pensei
ser verdades
agora
eu sei
o que é verdade
nas minhas ilusões
meus olhos
já não se enganam
com a beleza
que é falsa
meu corpo
já não quer o que é
superficial
não quero mais
nada que não valha à pena
já não tenho
a mesma vaidade
que tinha
estou envelhendo
ficando mais cruel
mais cético
nada mais
do que minha paz
ainda e sempre
necessária
não quero mais
as etiquetas
quero apenas me sentir limpo
quero apenas as verdades
que sempre me esconderam
agora eu sei
o que é ver o tempo passar
agora sei
estou envelhecendo

UM VAZIO*

um vazio
ninguém diz nada
ninguém se olha
televisão ligada
um vazio
os livros todos
lidos pela metade
os copos
na pia
sujos
pelos lábios
agora secos
calados
um vazio
que não diz nada
tudo agora
parece lento demais
as horas não passam
parecem preguiçosas
nem há vento
nem coragem
para sair desse vazio
não há nada
que me tire
desse estado letárgico
meio paranóico
as cadeiras vazias
as plantas nos vasos sujos
secas
um vazio
nesse tempo
sem tempo
a boca seca
calada
a falta de ar
a falta de tudo
só o vazio

DESCULPAS*

quando
não há verdades
desculpas
quando
não há
o que dizer
mentiras
somentes sombras
quando
não há luz
só há escuridão
olhos desconfiados
demora
quando não há verdades
sempre
desculpas
tentantivas loucas
desesperadas
de fingir
fugir
das responsabilidades
desculpas
quando falta a verdade
quando não há de verdade
sinceridade
e tudo fica
encoberto
meio suspeito
quando há medo
o que era lindo fica feio
e faltam as palavras
que já não dizem
a verdade
somente as desculpas
confusas
palavras desconexas
e o medo
que sempre deixa
tortas as palavras

TARDE*

tarde
de chuva fria
o céu
cobriu-se
de cinza
ainda faz calor
crianças
brincam na chuva
tarde
as roupas
não foram recolhidas
estão ainda
mais molhadas
tarde
devagar
as ruas
vazias
agora o céu
sem as pipas
agora
nessa tarde
janelas respingadas
fechadas
tarde
nenhuma palavra nova
as luzes
da minha sala
apagadas
copos na mesa
meus movimentos
lentos
meus pensamentos adormecidos
minha mãos
nessa tarde
cansadas
tarde
e a chuva
cai lentamente
de um céu agora azul

NAO PENSO MAIS*

não penso mais
em você
não penso mais
em mim
não penso mais
fico
perambulando
nos meus sonhos
buscando nos meus sonhos
seus sonhos
não penso mais
em você
mas ainda sinto
sua presença
ainda sonho
com instantes já
passados
ainda sinto
no vento
o suave perfume seu
não penso mais
em você
e nem lhe esqueço
mesmo sendo você
um passado
que vai devagar
lentamente
se afastando de mim
enfim
por fim
não penso mais em você
e um dia
eu sei
hei de esquecê-la
de vez

SÓ*

mais uma vez
estou só
sem ninguém
sem amor
sem saudade
mais uma vez
estou só
sem nenhuma dor
sem nenhuma palavra
vazio
de pensamentos
de sentimentos
absolutamente só
não restou nada
nada além de mim
jogado em mim
largado
ainda vivo
respirando o pouco ar
que me resta
estou só
sem vida
sem nada
em ruínas
corpo calejado
sem humor
sem rancor
sem nada
absolutamente só
no dia que não acaba
na noite que não chega
para que eu possa
esconder-me na escuridão
nada restou em mim

mais uma vez
como sempre

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

ÚLTIMA VEZ*

não me lembro
mais
a última vez
que vi a lua
não me lembro
mais
a última vez
que senti
em mim a paz
parece
que tudo mudou
que o sol
não é o mesmo
nem lembro a última vez
que vi o sol
talvez seja eu
que não saiba mais
encontrar alegria
não me lembro
mais
a última vez
que sorri sem culpa
talvez
não haja mais lua
nem haja mais sol
talvez
eu não seja mais
o mesmo
não me lembro
mais
da minha imagem refletida
no espelho
a última vez
que me olhei
eu ainda era eu
agora não sei mais
quem sou
sem sol
sem lua

MEDO*

eu tenho medo
medo de não suportar
o peso
de todas as responsabilidades
eu tenho medo
de não saber viver
de escolher
os caminhos errados
medo
de derrepente
me ver sozinha
e se me vir
tenho medo
de não ter para onde correr
e se correr
cair
e se cair
tenho medo
de não conseguir levantar
eu tenho medo
dos sonhos
que sonhei
serem apenas sonhos
tenho medo
que nada seja de verdade
que tudo seja
ilusão
um momento transitório
eu tenho medo
de acordar
e perceber
enfim
que nada era nada
apenas ilusão
eu tenho medo
de não ser mais
quem eu era
e perceber que o amor
que eu sentia
não era amor

NEM EU*

nem eu
sei mais
que vida
é essa
que eu levo
quero brincar
e não posso
quero falar
e me calo
nem eu
sei mais
que sabor
tem a liberdade
qual é a sensação
de bater as asas
e voar
nem eu
sei mais
que cor
é a cor do céu
que cheiro
tem o vento
que gosto tem a água
nem eu sei mais
que prazer
esconde a vida
deve haver
na vida
algum prazer
deve haver
em algum lugar
uma fonte de vida
nem eu sei mais
por onde seguir
se há mesmo um caminho certo
ou se esses caminhos
são apenas
trilhas
do meu deserto

FANTASIAS*

chega
a hora
de rasgar as fantasias
não adianta
ficar
aqui fingindo
nem dobrar
direito
e guardar na gaveta
as fantasias
que vesti
melhor rasgar
queimar
jogar fora
a vida implora
não há mais
porque brincar
a vida chama
não há mais lugar
para as fantasias
não há mais espaço
para as brincadeiras
a vida clama
berra
para que nada fique
como era
chega de usar
as mesmas máscaras
de sempre
nem o tempo
é palhaço
nem a vida
feita de ilusões
e fantasias
chega
melhor rasgar
queimar
não há mais porque
usar
as fantasias que usei um dia