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terça-feira, 5 de janeiro de 2010

TEMPO RUIM*

tempo ruim
passou
e ainda tenho você
do meu lado
firme
forte
segura
tempo ruim
destruiu
o meu bem
deixou-me mal
e você
ali
ainda cheia de sorrisos
ainda me acolhendo
em seus braços
você ainda
ali
sustentando-me
quando caio
tempo ruim
passou
e ainda tenho em mim
seu amor
ainda tenho
a sua presença
que sempre me faz
seguir em frente
haja o tempo
que houver
passe o tempo que passar
tenho você
e saberei que
depois do tempo ruim
sempre terei você

DESEQUILÍBRIO*

você
é o meu mal
o meu pior
o meu ponto maior
de desequilíbrio
você
é a falta de paz
o porto alagado
o barco
que afunda
em mansas águas
você
é o pesadelo
a angústia
o azedo
o mau humor
você
é a escuridão
o medo
o pavor
o pior de mim
o passado que nunca passa
as palavras
de todas as mais
amargas
você
é o doce amargo
meu ponto maior
de desequilíbrio
minha falta de paz
a minha razão morta
você é
apenas a sua verdade
a sua caridade
e o sorriso que jamais
me fez sorrir
o mal
disfarçado de anjo
minha desarmonia

POR QUE MENTEM*

por que mentem
por que inventam
mentiras
por que fingem acreditar
nas mentiras que contam
para se sentirem
melhores
para sentirem
que voam
sobre os que não voam
por que mentem
a verdade
é mais bonita
é mais jeitosa
a mentira ardilosa
deixa tudo aparentemente
mais belo
por que mentem
por que preferem
inventar sentimentos
que não existem
por que preferem
acreditar
nas mentiras
que contam
coração não é bobo
nem a alma tola
não sei
por que mentem
não entendo por que eu
também minto

VOU EMBORA*

vou embora
vou fugir sozinho
para o meio do mato
embrenhar-me
na natureza
vou andar pelado
nadar sem medo
nas cachoeiras
vou comer fruta
beber água
sentir o vento
escutar os pássaros
vou embora
dessa loucura
vou virar
bicho do mato
sem casa
pé no chão corpo nu
vou ser livre
vou me livrar de tudo
das roupas
da falta de tempo
vou fazer uma cabana
vou viver
de amor
sentir-me útil
para mim
vou fugir
vou embora
para o meio do mato
vou viver de solidão
vou aprender a viver sozinho
bicho do mato
vou embora
não aguento mais
não sei viver sem paz
não sei andar correndo
quero cheiro de terra
quero andar descalço
quero tomar chuva
sem que me chamem de louco
e se precisar
quero falar sozinho
vou embora
sumir
no meio do mato

ENVELHECENDO*

nada
não é mais
como um dia foi
estou envelhecendo
ficando
pior comigo
estou
ficando sem graça
sem sentir
a mesma alegria
nas mentiras
que pensei
ser verdades
agora
eu sei
o que é verdade
nas minhas ilusões
meus olhos
já não se enganam
com a beleza
que é falsa
meu corpo
já não quer o que é
superficial
não quero mais
nada que não valha à pena
já não tenho
a mesma vaidade
que tinha
estou envelhendo
ficando mais cruel
mais cético
nada mais
do que minha paz
ainda e sempre
necessária
não quero mais
as etiquetas
quero apenas me sentir limpo
quero apenas as verdades
que sempre me esconderam
agora eu sei
o que é ver o tempo passar
agora sei
estou envelhecendo

UM VAZIO*

um vazio
ninguém diz nada
ninguém se olha
televisão ligada
um vazio
os livros todos
lidos pela metade
os copos
na pia
sujos
pelos lábios
agora secos
calados
um vazio
que não diz nada
tudo agora
parece lento demais
as horas não passam
parecem preguiçosas
nem há vento
nem coragem
para sair desse vazio
não há nada
que me tire
desse estado letárgico
meio paranóico
as cadeiras vazias
as plantas nos vasos sujos
secas
um vazio
nesse tempo
sem tempo
a boca seca
calada
a falta de ar
a falta de tudo
só o vazio

DESCULPAS*

quando
não há verdades
desculpas
quando
não há
o que dizer
mentiras
somentes sombras
quando
não há luz
só há escuridão
olhos desconfiados
demora
quando não há verdades
sempre
desculpas
tentantivas loucas
desesperadas
de fingir
fugir
das responsabilidades
desculpas
quando falta a verdade
quando não há de verdade
sinceridade
e tudo fica
encoberto
meio suspeito
quando há medo
o que era lindo fica feio
e faltam as palavras
que já não dizem
a verdade
somente as desculpas
confusas
palavras desconexas
e o medo
que sempre deixa
tortas as palavras

TARDE*

tarde
de chuva fria
o céu
cobriu-se
de cinza
ainda faz calor
crianças
brincam na chuva
tarde
as roupas
não foram recolhidas
estão ainda
mais molhadas
tarde
devagar
as ruas
vazias
agora o céu
sem as pipas
agora
nessa tarde
janelas respingadas
fechadas
tarde
nenhuma palavra nova
as luzes
da minha sala
apagadas
copos na mesa
meus movimentos
lentos
meus pensamentos adormecidos
minha mãos
nessa tarde
cansadas
tarde
e a chuva
cai lentamente
de um céu agora azul

NAO PENSO MAIS*

não penso mais
em você
não penso mais
em mim
não penso mais
fico
perambulando
nos meus sonhos
buscando nos meus sonhos
seus sonhos
não penso mais
em você
mas ainda sinto
sua presença
ainda sonho
com instantes já
passados
ainda sinto
no vento
o suave perfume seu
não penso mais
em você
e nem lhe esqueço
mesmo sendo você
um passado
que vai devagar
lentamente
se afastando de mim
enfim
por fim
não penso mais em você
e um dia
eu sei
hei de esquecê-la
de vez

SÓ*

mais uma vez
estou só
sem ninguém
sem amor
sem saudade
mais uma vez
estou só
sem nenhuma dor
sem nenhuma palavra
vazio
de pensamentos
de sentimentos
absolutamente só
não restou nada
nada além de mim
jogado em mim
largado
ainda vivo
respirando o pouco ar
que me resta
estou só
sem vida
sem nada
em ruínas
corpo calejado
sem humor
sem rancor
sem nada
absolutamente só
no dia que não acaba
na noite que não chega
para que eu possa
esconder-me na escuridão
nada restou em mim

mais uma vez
como sempre