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terça-feira, 26 de janeiro de 2010

OBRIGAÇÕES

não sou mais
menino
não posso mais
brincar
com a vida
com os amigos
que não tenho
tenho agora
obrigações comigo
a vida
me cobra
como eu cobro a vida
não sou mais
menino
aquele que chorava
e se escondia
na barra da saia da mãe
minha mãe nem se lembra
mais de mim
eu às vezes me lembro
da minha mãe
não sou mais
aquele menino que brincava
nos canos vazios
tenho agora
obrigações
que fingi até ontem não ter
não sou mais
o menino
que eu era
nem as sardas eu tenho mais

MORREU

algo morreu
dentro de mim
não me sinto mais
o mesmo
ainda há angustia
ainda não estou
no melhor de mim
ainda ando preocupado
ainda ando cansado
algo morreu
não sei
se apenas o tempo passado
ou algo mais
aqui dentro de mim
ainda
sangra
as velhas feridas
algo morreu
talvez a minha capacidade
de sonhar
e fantasiar
talvez minha fé
ou minha maneira
de ver o mundo
como o mundo não era
parece que ficou algo para trás
parece que ficou algo
dentro de mim
sem vida
no vazio mais escondido de minha alma

VELHAS CARTAS

as velhas cartas
ainda
estão guardadas
no velho sotão
do meu coração
cheio de tantas coisas
as velhas cartas
ainda tem
o seu valor
nunca as palavras
escritas
morrem
as velhas cartas
ainda me fazem chorar
com as lembranças
com a saudade
com tudo o que perdi
com a vida
e com os caminhos
as velhas cartas
aos poucos
como eu
vão envelhecendo
com o tempo
e as palavras
escritas
diferente
de mim
não morrem esquecidas

SEMPRE

sempre foi assim
sempre
abri
os caminhos
sempre descobri
fendas
nunca tive medo
não tenho medo
de enfrentar
meus medos
sempre foi assim
sempre
fui atrás
da menina mais bonita
sempre
quis ser o melhor
mesmo não sendo
para mim eu era
sempre foi assim
sempre fiz
o que achava que era certo
nunca fui de escutar
conselhos
sempre derrubei
as árvores do meu caminhos
com as minhas mãos
nunca usei machados
nunca desisti
sempre houveram pedras
e sempre houve em mim
destino certo
sempre foi assim

BRINQUEDO

não sou
e nunca fui
brinquedo
nem de pilhas
nem de cordas
tenho vida
penso
sei agir
falar
e pensar
não sigo rumos
às vezes ignoro
leis que não deveria
ignorar
nunca fui fantoche
nunca me escondi
atrás
de armários
e portas
sempre fui de verdade
sempre tive sangue quente
olhos abertos
e mãos quase sempre
suadas
nunca fui
brinquedo
comportado
sempre fui rebelde
sempre fui
o que nunca quiseram
que eu fosse

RUAS

as ruas
continuam
as mesmas
há casa
ainda
do meu tempo
a mesma nostalgia
as velhas lembranças
das ruas
por onde andei
sozinho
e com amigos
as praças
estão como sempre
abandonadas
as crianças
não andam mais
de bicicletas
eu andava
por todas as ruas
ia pra lá
e pra cá
ia sempre
não parava nunca
e mudei
sai pra longe
pra depois voltar
e encontrar as mesmas ruas
as mesmas histórias
que deixei
guardadas
dentro de mim

FINGIR

ninguém
de verdade
me conhece
nem eu
de verdade
conheço ninguém
não me ilude
nem quero me enganar
ninguém sabe
o que penso
e o que sinto
nem eu
sei
o que pensam
e o que sentem
sei apenas
que julgam
conforme suas convicções
como eu julgo
também
por minhas próprias
convicções
e pelo que vejo
e pelo que vêem
ninguém sabe
nada de ninguém
eu sei
apenas de mim
e isso me basta

AINDA

ainda
que sopre
outro vento
seremos
os mesmos
o que sempre fomos
somos
a pura essência
que não muda
que não se altera
ainda
que passem
os anos
ainda
que coisas novas
apareçam
ainda
que as coisas velhas
permaneçam
seremos os mesmos
somos
feitos da essência
de nós
se mudarmos
não seremos
mais nós mesmos
seremos
apenas
o que não somos
e nunca seremos
ainda
que sopre sempre
um novo vento